8 de outubro de 2011

A MAÇONARIA NO BRASIL

DR. BOAVENTURA KLOPPENBURG




A MAÇONARIA NO BRASIL

ORIENTAÇÃO PARA OS CATÓLICOS





1956
EDITORA VOZES LTDA., PETRÓPOLIS, R. J.
RIO DE JANEIRO — SÃO PAULO



Introdução.

O que adiante oferecemos, é apenas um ensaio sobre a Maçonaria tal como ela presentemente se encontra e atua no Brasil. Não espere, pois, o leitor uma exposição sobre a Maçonaria em geral; nem mesmo lhe prometemos dissertar sobre a história da Maçonaria no Brasil. Queremos apenas conhecer mais ampla, profunda e exatamente os princípios e os fins desta vasta organização secreta, estendida atualmente por todo o território nacional, em mais de 600 "oficinas de trabalho", e que afirma arregimentar um exército de 150.000 homens escolhidos ocupando geralmente cargos ou postos de importância na vida social, comercial, bancária, militar e mesmo política das nossas cidades do interior e que estão também largamente representados entre os que hoje dirigem os destinos do Brasil. E' ainda intuito nosso contribuir para a solução do seguinte impasse: Sabem os católicos que a Igreja condenou a Maçonaria e lhes proibiu a iniciação nos "mistérios maçônicos"; ao mesmo tempo a Maçonaria continua a fazer propaganda e proselitismo nestes mesmos meios católicos, apresentando-se como sociedade inofensiva e puramente filantrópica, respeitadora de todas as religiões e, de modo particular, da religião católica e, portanto, como injustamente perseguida e condenada pela Igreja. As constantes preocupações nos negócios, cargos e empregos sempre mais complicados pelas exigências legais, a conseqüente necessidade de distrações e divertimentos cada dia mais refinados, atraentes e absorventes em virtude das amplíssimas possibilidades oferecidas pela aperfeiçoada técnica moderna, generalizaram o desinteresse pelo estudo e pelas coisas do espírito. Nestas condições muitos homens já não têm nem tempo nem cuidado para verificar a verdade das razões alegadas pela Igreja contra a Maçonaria ou para controlar a sinceridade dos motivos apregoados pela propaganda maçônica. Acontece assim que continuam, muitas vezes por mera rotina ou conveniência social, a considerar-se bons católicos e a procurar ao mesmo tempo as vantagens oferecidas pelos Filhos da Viúva. Senhores de conhecirhentos apenas muito superficiais e sumários da doutrina católica e dos princípios maçônicos, não percebem sequer as incompatibilidades profundas e radicais que desta maneira entraram em sua vida. Apenas no dia em que o vigário lhes negar algum sacramento ou qualquer outro direito que lhes competiria como católicos, eles sentirão, revoltados, o choque e o impasse. Já então, muitas vezes, será tarde, porque os graves compromissos assumidos com os Irmãos de Hiram não mais lhes permitirão voltar atrás sem consideráveis danos para seus negócios, cargos ou empregos: Temem, e com razão, a perseguição que a Maçonaria promete aos que ela considera perjuros e traidores. Sem força e coragem para abandonar a "Sublime Ordem", vêem-se então reduzidos à condição de "católicos não praticantes". A estes atribulados e iludidos católicos-maçons diremos uma palavra de conforto e esperança no fim do presente ensaio.

Precisamente para que não se repitam ou multipliquem tão desagradáveis e tristes impasses tentamos escrever este livrinho. Dirige-se ele, portanto, em primeiro lugar, aos homens católicos que ainda não se afiliaram à sociedade dos maçons, mas que estão sendo assediados e aliciados pelos seus propagandistas: queremos chamar sua atenção para certos aspectos silenciados por esta propaganda e, também, para o abismo de incompatibilidade em que estão para precipitar-se. Se, não obstante, resolverem fazer-se maçons, usem e abusem da liberdade que o Criador lhes deu: — liberdade, desgraçadamente, também para pecar e mesmo para revoltar-se contra Deus e Sua Santa Igreja. Recordar-lhes-emos apenas estas palavras de Jesus: "Se teu irmão cometer falta contra ti, vai e reprende-o entre ti e ele só. Se te der ouvido, terás lucrado teu irmão; mas se não te der ouvido, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, fique tudo apurado. Se, porém, nem ouvir a esses, vai dizê-lo à igreja; se não ouvir à igreja, tem-no em conta de pagão e publicano" (Mt 18, 15-17).

Baseiam-se as informações que a seguir daremos acerca da Maçonaria no Brasil sobre os seguintes documentos, que temos em mão:

Constituição do Grande Oriente do Brasil, promulgada no dia 23 de Maio de 1951. Usaremos um exemplar da 3ª edição, feita pela tipografia Irmãos Dupont (São Paulo) em 1955. Nosso exemplar possui o timbre oficial, o número de ordem de expedição e leva a rubrica do Gr. •„ Secr.-. Ger. -. da Ord.\ — Possuímos também exemplares da Constituição de 1892, de 1907 e de 1937. Outras Constituições das demais Potências Maçônicas do Brasil serão oportunamente citadas.

Regulamento Geral, modificado pelo decreto n. 1.315, de 20 de Agosto de 1943. Edição de 1945, com todas as exigências do caráter de autenticidade: timbre oficial, número de ordem de expedição e rubrica do Secretário Geral da Ordem. E' o Regulamento vigente, pois ainda está sendo elaborado o novo Regulamento que deve basear-se sobre a Constituição de 1951. Possuímos também os Regulamentos de 1892 e de 1907.

Lei Penal. Edição de 1945. E' a lei penal vigente.

Código Processual, modificado pelo decreto n. 1370, de 6 de Maio de 1944. Temos a edição de 1945. E' o código hoje em vigor.

Constituições, Estatutos e Regulamentos para o governo do Supr. •. Cons. •. dos llnsp. •. GGer. •. do gr. •. 33. •. e de todos os CConst.-. sob sua jurisdição e aprovados em 1.° de Maio de 1786. Edição do "Boletim do Grande Oriente do Brasil", de Junho de 1921, onde está também o decreto que promulga estas leis para o Brasil.

Resoluções do Congresso de Lausana em 1875. Edição do "Boletim do Grande Oriente do Brasil", de Junho de 1921, que publica também o respetivo decreto de reconhecimento para o Brasil.

O Aprendiz Maçon, por C a y r u . 8* ed. (Rio, 1918). Exemplar devidamente autenticado, com selo, assinatura e tudo.

Ritual do 1°. Grau-Aprendiz, editado pelo Grande Oriente e Supremo Conselho do Brasil, Rio de Janeiro 1944. Trata-se do ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito. Deste mesmo Ritual possuímos outro exemplar editado pelo Grande Oriente do Amazonas e Acre, em 1929; e mais outro, da Seren.-. Grande Loja do Estado de São Paulo, editado em 1951, com as devidas Instruções e Catecismo do primeiro grau. — Deste mesmo grau temos também o ritual do Rito Moderno ou Francês, editado pelo Grande Oriente do Brasil em 1916; como também o do Rito Adonhiramita, edição de 1902.

Ritual do 2." Grau-Companheiro, editado pelo Grande Oriente e Supremo Conselho do Brasil, Rio de Janeiro 1923. Este é o ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito. Deste mesmo ritual temos outro exemplar, devidamente autenticado, editado em 1929 pelo Grande Oriente do Amazonas e Acre; e mais outro, da Seren.-. Grande Loja do Estado de São Paulo, edição de 1951. — Do mesmo grau temos o ritual do Rito Moderno ou Francês, editado pelo Grande Oriente do Brasil em 1916; como também o do Rito Adonhiramita, edição de 1902. Tudo autenticado e rubricado.

Ritual do 3.° Grau-Mestre, editado pelo Supremo Conselho do Brasil, em 1934. E' o ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito. Possuímos também a edição feita em 1929 pelo Grande Oriente do Amazonas e Acre, como também a edição de 1951, da Seren.-. Grande Loja do Estado de São Paulo. — Do mesmo grau temos o ritual do Rito Moderno ou Francês, editado pelo Grande Oriente do Brasil em 1916; e o do Rito Adonhiramita, de 1902. Tudo devidamente autenticado e rubricado.

Ritual do Grau de Cavaleiro Rosa Cruz, aprovado pelo Grande Capítulo do Rito Moderno, e permitido pelo muito poderoso Supremo Conselho (do Rito Escocês Antigo e Aceito) e pelo Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas (do Rito Adonhiramita). Edição feita pelo Grande Oriente do Brasil em 1918. Exemplar com número de ordem de expedição, selo maçônico e assinatura do Grande Secretário Geral da Ordem.

Os Rituais dos outros Graus, até o grau 33, podem ser encontrados integralmente no "Diccionario Enciclopédico de Ia Masonería", que adiante será apresentado.

Rituais Especiais de Inauguração de Templo, Adoção de Lowtons, Banquete e Pompa Fúnebre, para as Lojas da Federação. Edição do Grande Oriente e Supremo Conselho do Brasil, Rio de Janeiro, 1907.

Estatutos da Beneficência Maçônica de Santa Catarina, Florianópolis, 1950.

Pequena Enciclopédia Maçônica. Obra especial e única em língua portuguesa, contendo explicação dos símbolos, doutrinas e legislação maçônica e dedicada aos maçons brasileiros, por ; O c t a v i a n o de M e n e z e s B a s t o s 33.-. 2* edição ilustrada, ; em dois volumes, com 823 páginas. São Paulo 1953. — No pre- ' fácio à segunda edição declara o Sr. Álvaro Palmeiras 33.-.; p. XVI: "Tudo quanto nela se contém é Maçonaria ortodoxa e j nisso reside o seu incomparável valor. Tudo nela está conforme as > fontes mais seguras da doutrina e os maçons do Brasil terão, por isso, um fundamento largo e firme para os estudos que empreenderem". Note-se, porém, que este dicionário está tendenciosamente contra o Grande Oriente do Brasil.

Diccionario Enciclopédico de Ia Masonería. Novísima edición. Por Don Lorenzo Frau A b r i n e s y Don Rosendo Arus A r d e r i u . Editorial Kier, Buenos Aires 1947. A obra consta de três grossos tomos e foi atualizada por um corpo de competentes redatores, especialmente nomeados.

Biblioteca Maçônica ou Instrução Completa. Editada em Paris, em 1864, e aprovada pelo Grande Oriente do Brasil. A obra consta de dois vols.

Manual Maçônico ou Cobridor dos Ritos Escocês Antigo e Aceito e Francês ou Moderno, com estampas. 5* edição, aumentada com o ritual para a inauguração de um novo templo, o ritual fúnebre para os enterros e exéquias dos maçons brasileiros e o Código ou preceitos maçônicos, etc. Rio de Janeiro 5899.

Nos Bastidores do Mistério. .., pelo maçon Adelino de Fig u e i r e d o Lima. Editora Aurora, Rio 1954, com 366 páginas. A Maçonaria e o Cristianismo, por Jorge B u a r q u e L y ra (Maçon gr.-. 30 e pastor protestante). São Paulo 1947, com 572 páginas.

Maçonaria e Religião, por Jorge B u a r q u e Lyra. Rio de Janeiro 1953, com 315 páginas.

O que é a Maçonaria. Seus objetivos altruísticos. Não é anti-religiosa. E' nacionalista. A Maçonaria orientou os principais episódios de nossa história. Por Charles L a f a y e t t e B r o n w i l l. Tradução, notas e comentários de A. C a v a l c a n t e de Albuqu e r q u e . Editora Aurora, Rio, 1955, com 195 páginas.

A Maçonaria e a Grandeza do Brasil. Verdades que os livros ocultam e destruição de mentiras que eles divulgam. Por A. T. C a v a l c a n t i d ' A l b u q u e r q u e . Editora Aurora, Rio, 1955, com 517 páginas.

Históricos Maçônicos. Coletânea, por Joaquim T e i x e i ra Li no. Editora "O Malhete", São Paulo 1952, com 93 páginas.

A Maçonaria, compilação do Ir. J. T e i x e i r a L i n o. São Paulo 1933.

O Congresso Maçônico de Fevereiro de 1904, convocado pelo Gr.-. Or.-. Estadual de São Paulo. Teses, propostas, pareceres e resoluções. Trabalho coordenado por A. F e r r e i r a N e v es Júnior. São Paulo 1904, com 259 páginas.

Congresso Maçônico Brasileiro. Pareceres adotados pela Be.-. Loj.-. Cap.-. "Segredo e Amor da Ordem". Recife 1909. 

Da "Câmara do Meio". Exclusivamente para maçons. Por Jaime D. M. B a r r e i r o s . Sem indicação de data e lugar de publicação. Mas o livro foi editado em Belo Horizonte, em 1954.

O Segredo do Maçon, por Franz Carl E n d r e s . Tradução do Ir.-. Hans B a c h 1, da Loja Simbólica "Amizade ao Cruzeiro do Sul", Joinville 1954, com 119 páginas.

Sob o Signo do Pentagrama. Coletânea de artigos, peças de arquitetura e traduções de poemas publicadas anteriormente em diversas revistas maçônicas brasileiras e da autoria do Ir.-. M. C 1 a u d i u s. Exclusivamente para maçons. Joinville 1954, com 73 páginas.

Dispomos, além disso, de estatutos particulares, anuários, revistas, boletins, folhetos de propaganda maçônica, folhas volantes e jornais maçônicos, que serão citados e mencionados oportunamente.

Agradecemos cordialmente a todos que nos ajudaram na aquisição destes documentos sobre a Maçonaria atual no Brasil. Quem conhece o extremo rigor com que a Maçonaria proíbe, persegue e pune a entrega e a publicação de semelhantes documentos não destinados ao mundo "profano", poderá avaliar as dificuldades que tivemos na sua obtenção e, também, o risco %que corremos com sua publicação. Graças a Deus, jamais fizemos o juramento de "nunca revelar, escrever, gravar, traçar, imprimir ou empregar outros meios pelos quais possa divulgar qualquer dos segredos da Maç.-., sob pena de ter arrancada a língua, o pescoço cortado e meu corpo enterrado nas areias do mar. . ." Não nos sentimos, por isso, sujeito à Lei Penal Maçônica. E se, por desgraça, tivéssemos tido a infelicidade de proferir voto tão cruel, em nome da "liberdade de consciência", que a Maçonaria não se cansa de pregar, considerar-nos-íamos hoje desobrigado, em consciência e perante Deus, de cumpri-lo. Aos maçons, porém, que não concordarem com esta franca publicação de seus mais secretos libelos, lembramos o princípio da "liberdade de imprensa" que eles se vangloriam de ter introduzido no mundo civilizado de hoje. Com a mesma liberdade com que eles costumam publicar os "monita secreta" dos jesuítas e outros "documentos" provadamente falsos e inautênticos, com esta mesma independência divulgamos seus documentos secretos certamente verdadeiros e por eles mesmos autenticados e rubricados, com o intuito de mostrar aos nossos homens católicos, sistematicamente iludidos pela propaganda maçônica, o que é e como é a nossa Maçonaria em si. E ao mesmo tempo apelamos para todos os nossos eventuais e caridosos leitores no sentido de nos socorrerem com suas experiências pessoais, com novos documentos ainda não citados nesta edição, sobretudo com pranchas, propostas ou pareceres oficiais de lojas brasileiras, com atas de congressos maçônicos no Brasil, ou com outras quaisquer informações que revelem o verdadeiro e autêntico espírito da Maçonaria Brasileira, tal qual é, sem dissimulações e disfarces, mas também sem mentiras e calúnias. Um só fato particular, urdido por uma loja, nem sempre é a manifestação autêntica do espírito da Maçonaria como tal; mas a coincidência de muitos fatos semelhantes, independentes uns dos outros, é argumento que pode e deve ser ponderado.

FREI BOAVENTURA, O. F. M.
(Caixa Postal 23, Petrópolis, R. J.)

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