20 de abril de 2012

O Pecado de Estar Calado




Com a crescente apostasia na Igreja, vemos muitos “conservadores” e “tradicionalistas” que evitam criticar os Prelados, e até os Papas, e assim se tornam cúmplices da apostasia. Fogem da sua obrigação de avisar os outros sobre a gravidade da situação por puro "respeito" humano.
Reforçando a importância deste dever, apresentamos hoje as palavras de Frei Vincent de Beauvais, um estudioso Dominicano consultado frequentemente por São Luís IX, Rei de França. Este monge foi autor de um compêndio de todo o conhecimento do seu tempo respeitante à Doutrina, História e Natureza, intitulado Speculum Majus – O Grande Espelho. As palavras que seguem são desta famosa obra.
 Frei Vincent of Beauvais
Tratando do peccatum taciturnitatis (pecado do silêncio) em geral, Vincent de Beauvais explica esta grave falta moral: “A seguir devemos considerar o silêncio. É sabido que o excesso de loquacidade é um vício; também o é, por vezes, o excessivo silêncio. De facto, ‘há um tempo de estar calado e um tempo de falar’ (Ecl. 3, 7); Santo Isidoro: ‘A língua deve ser vigiada, mas não inflexivelmente parada’. Porque é um vício, ao permanecer em silêncio, permitir a alguém indigno e impreparado ser escolhido para promoções e honrarias, ou permitir que alguém digno perca a sua dignidade, bens e honraria.
 “O mesmo deve ser dito se, em reuniões do conselho, alguém fica calado por ignorância ou malícia e, deste modo, esconde a verdade aos restantes conselheiros. De igual modo, durante uma sessão de tribunal, ao ver-se alguém lançar acusação fraudulenta ou ser injustamente condenado, peca-se por silêncio. E se não se repreende os detractores que difamam outros em conversas, sem desculpar ou louvar a pessoa difamada, peca-se ao permanecer em silêncio. De igual modo, ao entender que é necessária uma palavra para instruir, exortar ou corrigir alguém, comete-se pecado ao não dar um são conselho. Isaías exclamou: ‘Desgraçado de mim, porque contive os meus passos’ (6, 5). O mesmo está dito no Eclesiástico: ‘Não retenhas a palavra em tempo oportuno’ (4, 23)”.


Este mandamento é dirigido em primeiro lugar aos Jerarcas e clérigos que ficam calados. Contudo, a sua defecção obriga os leigos a falar, visto que Vincent de Beauvais, a seguir citado, usa o advérbio especialmente quando se refere aos Prelados, o que significa que aqueles que não estão revestidos da dignidade sacerdotal têm dever análogo.
“Tal é obrigatório especialmente para os Prelados e todos aqueles que dirigem ou cuidam das almas. Está claramente afirmado em Êxodo, 28, cujo preceito diz que se coloquem pequenas campainhas alternadas com romãs pendentes das casulas sacerdotais, para que o sacerdote seja ouvido ao entrar ou sair do santuário e assim não morra. São Gregório explica isto, dizendo: ‘O sacerdote que entra morrerá se o som não for ouvido, porque atrairá a si a ira do Juiz Eterno se o som da pregação não vier de si.’ De igual modo, Ezequiel, 33, 6: ‘Mas se a sentinela, vendo chegar a espada, não tocar a trombeta, de sorte que o povo não é alertado e, chegando a espada, fere a algum deles, este ficará, sim, preso na sua própria iniquidade, mas a sentinela responderá pelo seu sangue’.”


(Vincent of Beauvais, Speculum quadruplex sive speculum majus, Graz, Akademische Druck Verlagsanstalt, 1964, col. 1228)

18 de abril de 2012

Fideles dispensatores mysteriorum Domini Nostri Jesu Christi in Spiritu Sancto

Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade.


Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram.


Todas estas reformas, com efeito, contribuíram, e continuam contribuindo, para a demolição da Igreja, a ruína do sacerdócio, a destruição do Sacrifício e dos Sacramentos, a desaparição da vida religiosa, e a implantação de um ensino naturalista e teilhardiano nas universidades, nos seminários e na catequese, um ensino surgido do liberalismo e do protestantismo, condenados múltiplas vezes pelo magistério solene da Igreja.


Nenhuma autoridade, nem sequer a mais alta na hierarquia, pode obrigar-nos a abandonar ou a diminuir a nossa fé católica, claramente expressa e professada pelo magistério da Igreja há dezenove séculos.


‘Se ocorresse – disse São Paulo – que eu mesmo ou um anjo do céu vos ensinasse outra coisa distinta do que eu vos ensinei, seja anátema’ (Gal. 1, 8).


Não é isto o que nos repete hoje o Santo Padre? E se se manifesta uma certa contradição nas suas palavras e nos seus atos, assim como nos atos dos dicastérios, então elegeremos o que sempre foi ensinado e seremos surdos ante as novidades destruidoras da Igreja.


Não se pode modificar profundamente a lex orandi (lei da oração, liturgia) sem modificar a lex credendi (lei da Fé, doutrina, magistério). À Missa nova corresponde catecismo novo, sacerdócio novo, seminários novos, universidades novas, uma Igreja carismática e pentecostalista, coisas todas opostas à ortodoxia e ao magistério de sempre.


Esta Reforma, por ter surgido do liberalismo e do modernismo, está completamente empeçonhada, surge da heresia e acaba na heresia, ainda que todos os seus atos não sejam formalmente heréticos. É, pois, impossível para todo o católico consciente e fiel adotar esta reforma e submeter-se a ela de qualquer modo que seja.


A única atitude de fidelidade à Igreja e à doutrina católica, para bem da nossa salvação, é uma negativa categórica à aceitação da Reforma.


E por isso, sem nenhuma rebelião, sem amargura alguma e sem nenhum ressentimento, prosseguimos a nossa obra de formação sacerdotal à luz do magistério de sempre, convencidos de que não podemos prestar maior serviço à Santa Igreja Católica, ao Soberano Pontífice e às gerações futuras.


Por isso, cingimo-nos com firmeza a tudo o que foi crido e praticado na fé, costumes, culto, ensino do catecismo, formação do sacerdote e instituição da Igreja, pela Igreja de sempre, e codificado nos livros publicados antes da influência modernista do Concílio, à espera de que a verdadeira luz da Tradição dissipe as trevas que obscurecem o céu da Roma eterna.


Fazendo assim, com a graça de Deus, o socorro da Virgem Maria, de São José e de São Pio X, estamos convictos de permanecer fiéis à Igreja Católica e Romana e a todos os sucessores de Pedro, e de ser os ‘fideles dispensatores mysteriorum Domini Nostri Jesu Christi in Spiritu Sancto’. Amem. (cf. I Cor. 4, 1 e ss.)”


+ Marcel Lefebvre 21 de novembro de 1974

O que nos ensinou o fundador da FSSPX

Os católicos «Ecclesia Dei» em geral pensam conquistar resultados mais eficazmente «a partir do interior da Igreja» do que Monsenhor Lefebvre, que se colocou, dizem eles, «no exterior». O Prelado replica vivamente: 

"De que Igreja se fala? Se é da Igreja conciliar, seria necessário que nós, que lutamos contra ela durante vinte anos, porque só queremos a Igreja católica, integremos esta igreja conciliar para pretensamente a tornar católica. Isso seria uma ilusão total. Não são os súbditos que fazem os superiores, mas os superiores que fazem os súbditos. Em toda esta Cúria romana, dentre todos os bispos do mundo, que são progressistas, eu teria sido completamente afogado. Nada teria podido fazer, nem proteger os fiéis e seminaristas.

14 de abril de 2012

O modernista na Igreja, nela já entrou para não ter fé, mas para ter conveniências

E aí modernistas, que tal um pouquinho de gnose?

"O modernista, antes de tudo e para tudo, é um mentiroso que crê piamente que sem mentira não se vive e não se come.

São Pio X dizia que o modernista é um ignorante (do que importa) e um curioso (que sempre procura em tudo o que não importa).

O modernista inventa uma "realidade" (que diz ser "histórica") para fugir de si mesmo, porque acredita que a verdade é como seu limite.

A filosofia do modernista é a reunião dos sofismas e das falácias verborrágicas apenas por pretender fazer da mentira uma ciência.

E nela crê, porque nada pode estar além do limite de um modernista e até a história se resume ao que o modernista pode e quer ver.

O modernista, embora tecnicista e repleto de tecnologia inútil e estúpida, é o homem mais ineficiente de toda a história.

Ele não passa de uma fraude e de um estelionatário, inclusive, contra e para si mesmo.

O modernista deu a maior inteligência à estupidez e considera louca a sabedoria, apenas porque esta vê além e por fora do seu teatro de ilusões.

O modernista é a própria soberba e a loucura mais maliciosamente elaborada.

O modernista engessou o raciocínio, muito embora tenha sido matematicamente exato também para tanto.

O modernista foi o único que não aceitou ver além de si mesmo e vive de vender enganos com propaganda enganosa.

O modernista na Igreja, nela já entrou para não ter fé, mas para ter conveniências."

Minus

1 de abril de 2012

A Paixão da Igreja




Paulo VI às vezes freou os liberais extremistas; mas, geralmente favoreceu os liberais "moderados".


Em 7 de dezembro de 1965 declarou aos Bispos reunidos para o encerramento do Concílio Vaticano II:


"A Religião do Deus que se fez homem encontrou-se com a religião, pois o é, do homem que se fez deus. O que aconteceu? Um choque, uma luta, um anátema? Isso poderia ter ocorrido: mas não aconteceu. (...) A descoberta das necessidades humanas (e  elas são tanto maiores quanto o filho da terra se faz maior) absorveu a atenção do nosso Sínodo. Reconhecei-lhe ao menos esse mérito, vós, humanistas modernos, que renunciais à transcendência das coisas supremas, e sabei reconhecer nosso novo humanismo: nós também, mais que quaisquer outros, nós temos o culto do homem". (Discurso de encerramento do Concílio, em 07 de dezembro de 1965; DC 1462, col. 63-64. Documentos da Igreja, vol. 1)

A maçonaria que prega o culto do Homem. Ouvindo Paulo VI, os maçons devem ter saboreado seu triunfo. Não é exatamente a realização dos planos que forjaram no século XIX?