24 de julho de 2011

Os sinais da vocação não são necessariamente especiais (capítulo II)

Excertos do livro "Vocação Sacerdotal" do padre José Maria da Congregação do Verbo Divino. Escrito para meninos da idade de 12 anos.




"Com efeito. É muito comum a confusão que se faz entre a graça da vocação sacerdotal e os sinais que mostram haver vocação, confusão que acarreta não poucas vezes, infelizmente, a perda da vocação.

Era e é ainda mui frequente a convicção de que Deus tem de mostrar por sinais extraordinários a existência da vocação, por uma inclinação especial, por impulsos internos do Espírito Santo, por prazer em coisas santas, na liturgia, nas procissões, etc. Pensa-se que só tem vocação verdadeira o menino que gosta de brincar de padre, tem seu altarzinho, anda pelos cantos da casa rezando e meditando, gosta de ajudar na missa, etc.

Indício, digo, portanto, uma manifestação da alma infantil que merece ser observada e estudada para ver si atrás dele não haverá porventura sinais claros da vocação.

"Para que alguém possa ser admitido às ordens pelo bispo não se requer senão reta intenção e aquela aptidão da natureza e da graça que se prova pela integridade da vida e pela suficiência de conhecimentos, e que dá fundadas esperanças de poder (o candidato) desempenhar dignamente o munus sacerdotal e observar santamente as respectivas obrigações." (Papa São Pio X)


1º - Reta intenção:

Consiste no desejo de ser padre para glorificar a Deus e para fazer bem às almas. Naturalmente não se pode exigir essa mentalidade completamente desenvolvida numa criança de poucos anos.

Porém, pode e deve esperar, entretanto, que o candidato ao sacerdócio esteja isento de intenções humanas, naturais, interesseiras, temporais. Seria intenção humana aspirar ao sacerdócio só por causa das honras de que o padre se torna alvo, ou para um dia vir a ser Monsenhor (bispo), etc. Seria intenção natural querer ser padre para glorificar a família; é verdade o sacerdócio é grande distinção para a família da qual sai um padre; mas seria falso desejar ser padre só para honrar a própria família. Intenção interesseira ou material teria quem se enveredasse ao sacerdócio para enriquecer, levar vida folgada, comer bem, viver bem, dormir bem.

A escolha de qualquer vocação, mais ainda da vocação sacerdotal é tão importante que se deve fazer-se entre Deus e a alma exclusivamente. A alma, uma; Deus a outra parte interessada.

2º - Integridade de vida:

O padre, conforme os desejos do Sagrado Coração de Jesus, deve ser um anjo em forma humana, deve viver diante de seus paroquianos uma vida santa.

Lembro-me ainda do meu tempo de criança. Nosso vigário era um padre exemplar. E foi o exemplo de sua vida que fez nascer em mim o desejo do sacerdócio. O cérebro infantil também sabe pensar. Pensa de seu modo, mas pensa. Para minha inteligência pequenina o padre vigário era um ente do céu, um ser que não faz pecado. E então eu senti um grande desejo de ser assim como ele.

O menino que quer ser padre tem de mostrar desde pequeno essa inclinação para coisas santas. A integridade de vida consiste:

- na inclinação à piedade: não precisa ser uma piedade exagerada. Basta, e até é melhor, que seja sólida. Creio que a norma mais segura é a piedade que o menino aprendeu no colo da mãe.
- no amor à pureza de coração. O padre tem que viver em pureza perfeita, porque está ligado a isso por uma promessa solene chamada voto de castidade.
Pelo voto de castidade ele promete a Deus nunca cometer um pecado contra o sexto mandamento. 
Para ser capaz de fazer e cumprir tal promessa é necessário conservar limpo o coração desde pequeno.
Um rapazinho puro dá esperança de ter vocação e de ficar firme.
Um menino que anda em más companhias na rua, que aprende toda sorte de coisas imorais, que se entrega a pecados feios, que chega até a ensinar outros a pecar, se tal menino alimentou algum dia o desejo do sacerdócio é melhor largar. Não será feliz como padre. Exporá a própria alma à perdição eterna, levará, talvez, outras almas à desgraça.
- respeito, obediência aos pais e superiores. O padre está colocado sob as ordens dos seus superiores, inclusive ao Santo Papa. A obediência não se aprende adulto, isso de ser aprendido em pequeno.
- caráter maleável e caridoso. Meninos que são egoístas, que não gostam do convívio com os colegas que vivem ensimesmados, alheios aos outros, indiferentes, não são bons elementos para o seminário.

3º - Suficiência de talento:

O estudo no seminário é um tanto pesado, daí a necessidade de algum talento para dar contas deles. Para os que tem muita dificuldade em estudar, não poderá ter este sinal decisivo da vocação: deve largar e procurar outra carreira.

4º - Saúde:

A vida do sacerdote impõe muitos incômodos e sacrifícios e exige um corpo resistente e bem desenvolvido. Um organismo habitualmente enfermo não dá tal garantia. Um menino que quase sempre está adoentado aconselho que largue esta ideia e procure outra carreira."



Um comentário:

  1. Salve Maria,

    Como é lindo a vocação sacerdotal, pena que por causa desse mundo e da propria Igreja (seminarios malditos) se perdem vocações maravilhosas.
    Que Deus em sua infinita misericordia mande trabalhadores para mece.
    Benicio

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Ave Cor Mariae!