O Carismatismo
Por que ele foi permitido?
“Aqueles que querem viver na Vontade de Deus não devem desejar obter (...) revelações ou sentimentos sobrenaturais que superem o estado ordinário daqueles que têm por Deus um temor e um amor muito sinceros. Pois, um semelhante desejo só pode vir de um fundo de orgulho e de presunção. A Graça de Deus abandona a alma tomada por esse desejo e deixa-a cair nessas ilusões e nessas tentações do diabo, que a seduz em visões e em revelações enganosas. É desse modo que o demônio semeia a maior parte das tentações espirituais de nosso tempo e que as enraíza nos corações daqueles que são os precursores do Anticristo”. (São Vicente Ferrer, “Tratado da Vida Espiritual”, 2ª parte, cap. VIII. São João da Cruz, Doutor da vida mística, ensina do mesmo modo: “Assim o demônio fica muito contente de que uma alma deseje revelações ou que a veja inclinada a isso. Porque tem então uma ocasião fácil de lhe sugerir seus erros e de a desviar da Fé tanto quanto puder. Pois [como eu disse] a alma que deseja essas revelações se coloca em uma disposição muito contrária à Fé e atrai para si muitas tentações e muitos perigos." São João da Cruz, “A subida do Carmelo”, livro II, cap. 11).
Ó era da excelência do orgulho por um tão grande egoísmo, não exige para crer que sinta e, sentindo, não dá vazão à vaidade, para que sinta com poder de dominar, por se destacar e, assim, angariar vantagem? Pois este é o orgulho que a serpente deu ao homem para que quisesse ser seu próprio deus.
“Será o demônio, seu inimigo espiritual, que os fará experimentar um fogo interior cuja causa é seu orgulho, a fraqueza da carne e a inquietude de seu espírito” (místico inglês de base para a educação dos monges cartuxos, citado contextualmente mais abaixo no conteúdo principal).
Seus antecedentes históricos, causas e efeitos espirituais e litúrgicos.
Ânsia de poder e um paradigma na revolução feminista contra o sacerdócio real que é masculino.
“Todos ditando à Igreja e falando um tanto de besteiras”, como disse Dom Nitoglia, quando somente o papa pode ditar (se, assim, quiser e, antes, crer), porque só ele é individualmente infalível pelo Espírito Santo.
Veja as razões católicas documentadas para a identificação de fenômeno diabólico no:
“Catecismo Católico da Crise na Igreja”, Pe. Matthias Gaudron, Ed. Permanência, pp. 198-205, Rio de Janeiro, 2011.
Obs. Algumas notas foram suprimidas para não se estender o assunto desnecessariamente.
(...)
“O que é o rito da “efusão do Espírito”?
- O rito da “efusão do Espírito” (ou “Batismo do Espírito” – os pentecostais se referem à palavra de São João Batista: “Eu vos batizei com água; mas Ele vos batizará no Espírito Santo” [Mc 1, 8]. Mas, na realidade, São João Batista fala aqui do Sacramento do Batismo que Nosso Senhor vai instruir e que, diferentemente do batismo de João Batista – simples batismo de penitência – dará o Espírito Santo. Essa diferença entre os dois batismos está claramente afirmada nos Atos dos Apóstolos [At 19, 3-6]) era, originalmente, a marca distintiva de uma seita protestante, a dos “pentecostais”. É uma imposição de mãos, feita com o objetivo de dar uma experiência sensível do Espírito Santo e uma participação nos carismas dos primeiros cristãos – particularmente no falar em línguas.
De onde vem esse rito pentecostal?
- O pentecostalismo nasceu na noite entre 31 de dezembro de 1900 e 1º de janeiro de 1901, em Topeka, no Kansas. Na esperança de reencontrar os carismas dos Apóstolos (sobretudo o falar em línguas), o pastor metodista Charles Parham (1873-1929) impôs as mãos sobre uma moça chamada Agnès Ozman (Agnès Ozman havia, ela mesma, pedido essa imposição de mãos, referindo-se aos Atos dos Apóstolos [At 8, 17-19; 9, 17; 19,6]). Esta se pôs logo a falar uma língua desconhecida - que um oriundo da região da Boêmia reconheceu, no dia seguinte, como sua língua materna. A experiência se espalhou nos dias seguintes, e o pastor Parham partiu a pregar sua descoberta. Perseguido mais tarde por questão de costumes (acusavam-no de homossexualismo), o pastor Parham foi eclipsado por alguns de seus discípulos, como William Seymour (1873-1929). Incomodados com a personalidade de Charles Parham – que foi membro da Ku Klux Klan – alguns pentecostais preferem, hoje, fazer seu movimento remontar à pregação de Seymour em Los Angeles, em 9 de abril de 1906. Naquela noite, seus ouvintes receberam o “batismo do espírito” e começaram a falar em línguas, rir, gritar, cantar, bater mãos e bater com o pé com tal impetuosidade que a velha casa que os abrigava desmoronou. Uma outra inflamação pentecostal (análoga à primeira, porém independente) aconteceu na Grã-Bretanha, em 1904, e influenciou consideravelmente o protestantismo francês. Mas o carismatismo “católico”, mesmo na França, filia-se mais ao pentecostalismo norte-americano. Ver A. Delassus, “Le Renouveau Charismastique aujourd’hui”, suplemento ao nº 162 de “L’Action Familiale et Scolaire”, p. 48; pp. 61-65; p. 135.
Como se espalhou o novo rito pentecostal?
- Os “pentecostais” foram primeiro rejeitados, mesmo pelos protestantes (chamavam-no de “trêmulos” por causa de suas contorções, ou “rolantes” – alguns rolavam no chão durante o culto). Criaram suas próprias igrejas e organizaram-se em círculos muito fechados. Foi somente a partir dos anos 1930, na Europa, e em 1950, nos Estados Unidos, que seu rito saiu das igrejas estritamente pentecostais para penetrar em todas as denominações protestantes. O pastor David Du Plessis (1905-1987) foi o principal artífice dessa difusão “ecumênica” do “Batismo no Espírito”. No fim do século XX contavam-se, no mundo, cerca de cem milhões de pentecostalistas.
Existem precedentes do fenômeno pentecostal?
- O rito propriamente dito do “Batismo no Espírito” é novo, mas as seitas heréticas conheceram, regularmente, fenômenos análogos no curso das eras. No fim do século XVII, uma onda de pietismo agitava os “camisards” protestantes no sul da França: afirmavam sentir o Espírito Santo e a exprimir-se em línguas e choravam copiosamente. As mesmas excentricidades se encontram, a partir de 1731, em Paris, no Cemitério de Saint-Médard, sobre a tumba de um diácono jansenista: convulsões frenéticas atingindo turbas inteiras, êxtases, discursos em línguas desconhecidas, “profecias” etc.
Como se pode explicar esse gênero de fenômenos?
- Esses fenômenos estranhos podem, em parte, ser explicados de modo natural (histeria descontrolada, exaltação psíquica mórbida, alucinações), mas é verossímil que o diabo nelas intervenha com frequência. O fato de se exprimir em línguas nunca aprendidas antes é sinal de possessão diabólica indicada pelo ritual tradicional dos exorcismos (Ritualem Romanum, tit. XI, c.1, parágrafo 3: “Signa autem obsidentis daemonis sunt: ignota língua loqui pluribus verbis [...]”).
Pessoas que invocam o Nome de Cristo com um tal fervor podem, realmente, ser manipulados pelo diabo?
- “Guardai-vos dos falsos profetas (...) Não são todos os que Me dizem Senhor, Senhor, que entrarão no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a Vontade de Meu Pai, que está nos Céus. Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não foi em Vosso Nome que profetizamos? Não foi em Vosso Nome que expulsamos demônios? E não fizemos, em Vosso Nome, muitos milagres? Então, Eu lhes direi em alta voz: nunca vos conheci. Retirai-vos de Mim, operários da iniquidade.” (Mt 7, 15-23)
Como o rito pentecostal penetrou na Igreja Católica?
- O rito pentecostal da efusão do Espírito Santo foi difundido na Igreja pelos católicos ditos “carismáticos”. A “Renovação Carismática” pode ser definida como o “ramo católico da corrente pentecostal” (essa definição é dada pela revista Tychique – revista da comunidade carismática do Chemin neuf, no seu número 50 de julho de 1984).
Qual a origem do carismatismo “católico”?
- O carismatismo “católico” nasceu nos Estados Unidos, em Pittsburg (Pensilvânia), em 20 de fevereiro de 1967, dia em que dois católicos da Universidade de Duquesne receberam a imposição das mãos, em um grupo de oração dirigido por uma presbiteriana, e começaram a falar em línguas. Utilizaram, em seguida, o mesmo rito para transmitir a outros católicos os poderes assim recebidos.
Qual foi o efeito do rito pentecostal sobre os primeiros católicos que o receberam?
- A imposição das mãos produziu nos estudantes católicos da Universidade de Duquesne os mesmos efeitos bizarros que sobre os protestantes. Um dos dois contou: “Minha alegria era tão grande que não podia fazer nada além de rir, estendido por terra”. Um outro: “O sentimento que eu tinha da presença de Deus era tão forte que me recordo de ter ficado sentado uma meia hora na capela, rindo de alegria no pensamento do amor de Deus”. Um terceiro: “Desde que me impuseram as mãos, pareceu-me que todo meu peito iria estourar. Meus lábios começaram a tremer e meu espírito a girar em turbilhão. Depois, eu sorria beatamente, não podia me impedir de fazer isso” (testemunhos citados na obra de Kevin e Dorothy Ranaghan, “Le Retour de L’Esprit”, Paris, Cerf, 1972).
O que manifestam essas reações?
- Essas reações chocantes revelam uma intervenção demoníaca. Enquanto o Espírito Santo faz reinar a ordem e a discrição, o espírito demoníaco, mesmo quando se disfarça em anjo de luz, trai-se geralmente por alguma manifestação grotesca (o místico inglês do século XIV, autor da obra “Le Nuage de l´inconnaissance” [um dos livros de base dos noviços cartuxos], escreveu assim: “Há, com efeito, esses iludidos todos saturados de manias incomuns em sua atitude exterior. Alguns não cessam de sorrir ou de rir a toda palavra que pronunciam, como meninotas de riso solto ou como jograis a quem falta postura e que se entregam a todas as palhaçadas. Todavia, a atitude que deveriam conservar seria a de uma perfeita decência, com muita ponderação e com muita reserva em sua postura e na expressão de sua alegria. Não quero dizer que esses hábitos pouco decentes sejam, por si mesmos, grandes crimes, nem que aqueles que os adquirem sejam grandes pecadores; mas se esses hábitos tomam conta de um homem tão fortemente que ele não possa se desfazer deles quando quiser, eles são sinais. É por eles que o operário espiritual manifestará o que é a sua obra”).
O demônio pode, então, inflamar as almas de amor a Deus?
- O demônio não pode inflamar as almas de amor a Deus, mas pode dar essa impressão àqueles que querem sentir demais a ação da Graça: “Não é necessário mais para permitir ao diabo fazê-los ver falsas luzes ou escutar falsas melodias (...) e espalhar um fogo ou um calor extraordinário dentro de seu peito, de suas costas, de seus rins ou de seus membros. Entretanto, em meio a todas essas coisas fantasmagóricas, imaginam, erroneamente, conservarem no repouso a lembrança de Deus sem serem detidos por nenhum pensamento vão. E têm razão sobre esse ponto, em certo sentido, pois estão tão mergulhados no erro que as vaidades não os podem tentar. E por quê? Porque esse mesmo demônio que procuraria excitar neles pensamentos vãos, se estivessem no bom caminho, é o principal agente da obra que executam. Adivinhas bem que ele não faz obstáculo a si mesmo. Evita bem de lhes tirar a lembrança de Deus, temendo que suspeitem da verdade” (“Le Nuage de i’inconnaissance”, ibid., cap. 52. O mesmo autor explica: “Será o demônio, seu inimigo espiritual, que os fará experimentar um fogo interior cuja causa é seu orgulho, a fraqueza da carne e a inquietude de seu espírito. Mas imaginarão, erroneamente, sentir o fogo do amor e obtê-lo da Graça e da Bondade do Espírito Santo [...] A ilusão que procede desse falso sentimento, e do falso conhecimento que a acompanha, reveste formas variadas e estranhas, conforme a diversidade dos estados e das condições particulares daqueles que sucumbem a ela” [cap.45]).
Acham-se alertas análogos nos escritos dos Santos?
- São Vicente Ferrer ensina, em seu tratado de vida espiritual:
“Aqueles que querem viver na Vontade de Deus não devem desejar obter (...) revelações ou sentimentos sobrenaturais que superem o estado ordinário daqueles que têm por Deus um temor e um amor muito sinceros. Pois, um semelhante desejo só pode vir de um fundo de orgulho e de presunção. A Graça de Deus abandona a alma tomada por esse desejo e deixa-a cair nessas ilusões e nessas tentações do diabo, que a seduz em visões e em revelações enganosas. É desse modo que o demônio semeia a maior parte das tentações espirituais de nosso tempo e que as enraíza nos corações daqueles que são os precursores do Anticristo”. (São Vicente Ferrer, “Tratado da Vida Espiritual”, 2ª parte, cap. VIII. São João da Cruz, Doutor da vida mística, ensina do mesmo modo: “Assim o demônio fica muito contente de que uma alma deseje revelações ou que a veja inclinada a isso. Porque tem então uma ocasião fácil de lhe sugerir seus erros e de a desviar da Fé tanto quanto puder. Pois [como eu disse] a alma que deseja essas revelações se coloca em uma disposição muito contrária à Fé e atrai para si muitas tentações e muitos perigos. São João da Cruz, “A subida do Carmelo”, livro II, cap. 11).
Esse texto de São Vicente Ferrer se aplica ao pentecostalismo ou ao carismatismo?
- É precisamente na intenção de “falar em línguas” que Agnès Ozman pediu ao pastor Parham para lhe impor as mãos. Foi também para se beneficiarem de “carismas” extraordinários manifestados pelos pentecostais que os católicos de Pittsburgh lhes pediram essa mesma imposição das mãos.
A Renovação Carismática não realiza um certo bem, trazendo de volta ao Catolicismo algumas almas, e mantendo a piedade de outras?
- O demônio, que enxerga a longo prazo, sabe perder um pouco para ganhar muito. É o ensinamento da Bem-aventurada Maria da Encarnação:
“Os êxtases, as visões e as revelações não são de jeito nenhum um argumento inconteste da permanência ou da assistência de Deus em uma alma. Quantos se viram que foram enganados com esses tipos de visões? Embora tenham sido a causa de conversão ou mesmo da salvação de algumas almas, é um estratagema do espírito maligno que fica contente em perder um pouco para ganhar muito”. (Bem-aventurada Maria da Encarnação [Madame Acarie], citada por A. Delassus, ibid., p. 154. O bem-aventurado Jourdain de Saxe [1190-1236] teve que exorcizar um certo irmão Bernard. Possuído pelo demônio, este pregava de uma maneira tão penetrante, com uma entonação tão tocante, um ar tão piedoso e palavras tão profundas que arrancava lágrimas de todos os que o escutavam. Logo que foi descoberto, por outro lado, mudou o tom e não pronunciava mais que palavras imundas. Como o bem-aventurado o interrogava: “Onde estão, então, teus belos discursos?”, ele respondia: “Já que minha farsa foi descoberta, quero me mostrar tal como sou” (Jourdain de Saxe, O. P., “Libelius de principiis ordinis praedicatorum”, parágrafos 110-119)
Qual vantagem o demônio pode encontrar nessas manifestações de piedade?
- O pentecostalismo não apenas despertou e revitalizou um protestantismo moribundo que arriscava deixar o campo livre para a Igreja Católica, mas lhe permitiu, hoje em dia, conquistar progressivamente a América Latina. O demônio nisso encontrou vantagens evidentes. Do mesmo modo, o carismatismo “católico” perpetua, no próprio seio da Igreja, erros que a destroem.
O carismatismo não se opõe à dessacralização pós-conciliar?
- É precisamente porque reage contra certos excessos que o carismatismo atrai católicos perplexos com a crise, mas para reconduzi-los aos erros conciliares! (Como o ecumenismo, a liberdade religiosa e a missa nova da qual é inseparável. Do mesmo que o pentecostalismo reconduziu ao protestantismo aqueles que seu excessivo rigorismo fazia fugir em massa.).
Pode dar um exemplo?
- A Toca de Assis reintroduziu a adoração ao Santíssimo Sacramento, o terço, a Confissão etc. Essas devoções “conservadoras” fizeram cair muitos católicos desorientados. Mas esse “conservadorismo” serve, sobretudo, para conservar... as novidades conciliares! Quem poderia negar que as teatralidades sentimentais das quais os carismáticos têm o segredo são as principais muletas que ainda sustentam a nova Liturgia? (Uma vez que exploram a alegria da Ressurreição com exclusividade – como se esta já estivesse definida para os conviventes – como os carismáticos voltariam à Cruz e ao Sacrifício da Missa tridentina? Muitos deles dizem como os protestantes que a Cruz de Cristo está vazia...).
Qual o nexo entre o Vaticano II e o carismatismo?
- O Vaticano II é plenamente responsável pela introdução do rito pentecostal no seio do Catolicismo. Não somente porque João XXIII queria no Concílio, um “novo pentecostes”, ou porque o pastor pentecostalista David Du Plessis – que havia tão eficazmente trabalhado na infiltração do “Batismo do Espírito” em todas as confissões protestantes – tivesse sido convidado ao Concílio como “observador” (deve-se a ele a introdução de algumas passagens sobre os carismas nos textos conciliares - como na “Lumen gentium”, sobre a Igreja, no nº 12, parágrafo 3º, quando se enfatiza que “o Espírito sopra onde quer” para se fortalecer o reputado “apostolado” dos leigos), mas, sobretudo, porque foi o decreto do Vaticano II sobre o ecumenismo – “Unitatis redintegratio” – que levou os católicos da Universidade de Duquesne ao “batismo do Espírito”.
Como esse decreto pôde conduzir católicos ao “batismo do Espírito”?
- Falando das comunidades da Igreja Católica, o decreto “Unitatis redintegratio” afirma que “o Espírito de Cristo não recusa se servir delas como meio de salvação” (parágrafo 3º do decreto). Diz também que “tudo o que é realizado pela Graça do Espírito Santo nos irmãos separados pode contribuir para a nossa edificação” (em seu parágrafo 4º - porém, a Tradição e o Concílio de Trento afirmaram infalivelmente que os protestantes jamais podem ter a plenitude da Graça ou a Graça santificadora). Essas passagens [do citado decreto] foram decisivas para os católicos da Universidade de Duquesne pedirem aos protestantes a imposição das mãos, em 20 de fevereiro de 1967. (“Enquanto católicos, estavam respaldados pelo Concílio, que havia afirmado: “Tudo o que é realizado pela Graça do Espírito Santo nos irmãos separados pode contribuir para a nossa edificação”. Depois de se terem informado bem, decidiram pedir a um grupo de pentecostalistas para orarem por eles e sobre eles.” Mário Panciera em “Présence chrétienne”, nº 12, abril de 1989, citado em “Courrier de Rome”, “Si Si No No”, nº 111 de fevereiro de 1990, p.2).
Como o carismatismo favorece os erros do Vaticano II?
- O carismatismo contribui, como o Concílio Vaticano II:
I) para estimular um falso ecumenismo (o carismatismo nasceu ecumenista);
II) para confundir, em todos os domínios, a ordem da natureza e a da Graça;
III) para enfraquecer a autoridade hierárquica querida por Deus;
IV) para esquecer toda parte ascética da vida espiritual.
Como o carismatismo contribui para confundir natureza e Graça?
- Querer sentir a ação da Graça (de si não sensível) é expor-se a confundir Fé e sentimento religioso (assim como os modernistas – a confusão entre Fé e sentimento religioso é o erro do modernismo condenado por São Pio X, na sua encíclica “Pascendi Gregis”, de 1907, porque dito equivocadamente que Fé é um sentimento, emergente do subconsciente, que exprime a necessidade do divino. Daí, o enganoso mas propalado “Encontro com Cristo”, como vivência ou “prova” superior ao restante enquanto apenas reputado como “ato de Fé”. Na verdade, o ato de Fé não é um sentimento, mas a recepção consciente e voluntária da Revelação Divina, tal como esta se apresenta ao homem na Sagrada Escritura e na Tradição (conforme sempre ensinou a Igreja e a remissão feita ao nº 11, p. 23, da mesma obra transcrita do “Catecismo católico da crise na Igreja”); mas também [confusão entre] inspiração divina e imaginação; Esperança teologal e otimismo; vida da Graça e bem-estar psicológico. A psicologia ocupa, ademais, um lugar muito grande nas comunidades carismáticas (a ponto de sua produção literária ser confundida com os manuais de “auto-ajuda” – sendo benéfico advertir que o “psicologismo” também foi condenado no grau de heresia pela Igreja antes do Vaticano II).
O que se pode dizer, em definitivo, do rito da efusão do espírito?
- Os próprios carismáticos não sabem muito bem como explicar o rito da efusão do Espírito. Não pode ser um Sacramento, já que Jesus Cristo só instituiu sete. Veem nele, pois, um caminho de conversão, uma reativação dos Sacramentos do Batismo e da Crisma, ou mesmo uma experiência espiritual. Mas nenhuma dessas explicações dá conta da eficácia de um rito que parece agir por si mesmo, como um Sacramento.
Pode-se realmente comparar essa efusão do Espírito com um Sacramento?
- Ao vincular efeitos espirituais a um rito determinado, a efusão do Espírito se assemelha aos Sacramentos. Mas estes transmitem uma Graça não sensível (deixam-nos na ordem da Fé), enquanto esse rito pretende fazer sentir a ação de Deus. Pode-se, então, defini-lo como uma caricatura de Sacramento que transmite não a Graça de Deus, mas a ilusão sensível dessa Graça. Sabe-se que o demônio tem o poder de criar essa ilusão naqueles que procuram experimentar, de modo sensível, a ação divina.
É preciso considerar os carismáticos como possuídos pelo demônio?
- Todos aqueles que recebem a efusão do Espírito não são, só por esse fato, possuídos pelo demônio; nem mesmo, necessariamente, culpados de pecado mortal (por causa de uma certa ignorância do que fazem – ainda mais com o incentivo oficial vindo de Roma). Mas se abrem, assim mesmo, para uma influência diabólica que os coloca (e, no caso da sequência a uma devida advertência, mantém, pois, já sem ignorância) na ilusão, que arrisca falsificar sua vida espiritual e cegá-lo tanto para a crise na Igreja quanto sobre seu dever de estado pessoal. Alguns abandonaram completamente a vida cristã quando, alguns anos depois, as miragens desaparecem.
É necessário atribuir ao demônio as curas e os prodígios operados pelos carismáticos?
- O demônio não pode fazer milagres no sentido estrito (que manifestem um poder absoluto sobre a natureza), mas sim prodígios (que utilizam as leis da natureza de modo particularmente engenhoso). Ora, não se acham milagres patentes entre os carismáticos. Eles mesmos reconhecem que um bom número de curas, efetuadas no curso de suas reuniões, não duram. Ademais, as declamações em línguas desconhecidas proferidas em certas reuniões carismáticas foram, por vezes, identificadas como blasfêmias por pessoas que conheciam essas línguas e que estavam presentes por acaso.
Portanto, a coisa é muitíssimo mais séria do que se pensa e se deve ter a prudência de suprimir e evitar imediata e completamente!
(grifos nossos)
Minimus
Obrigado Giovana e Pedro por esta publicação! Espero que converta de vez os incautos que exigem emoções e sentimentalismo. Peço isto a Deus! Vejam que a advertência que o padre faz para os que insistirem, se descumprida conscientemente , só trará maior poder ao diabo. São Tomás já ensinava isso como a ignorância que já não tem desculpa! Em JMJ, Deus lhes pague! Leo
ResponderExcluirNós que agradecemos pela colaboração Leonardo. Nosso Senhor o abençõe!
ExcluirIn Jesu et Mariae,
Pedro Henrique.
Ótimo estudo! Penso que seria perfeito a inclusão ao final das referências (bibliografia).
ResponderExcluirEstá contigo no texto, claro, mas por questão de ordem seria também adequado.
Parabéns novamente.
RC"C" não pode ser cristã.
Caro Emerson, concordo contigo. Vou providenciar.
ExcluirAbraços!
Pedro.
Bravíssimo o texto!
ResponderExcluirSomente tive oportunidade de ler agorinha.
Aos "chorões ofendidinhos" da RCC SÓ LAMENTO!
Ave Cor Mariae!
Ave Maria!
ResponderExcluirEm todas minhas orações rogo a Deus pela misericórdia das pessoas que se afastam da Igreja, inclusive as que pertencem a esse grupo. Na minha região combato sempre esse pecado, procurando mostrar a seus integrantes o quanto é maligno o movimento.
Abraços e fiquem com Deus!
Salve Maria!
ExcluirSem dúvidas suas orações são legítimas e essa é a nossa preocupação e o que norteia nosso apostolado: o bem das almas!
Em união de orações!
Pedro Henrique.
V TEM RAZÃO. DÁ PARA QUESTIONAR: GRUPOS SINCRÉTICO-RELIGIOSOS, SEITAS PROTESTANTES OU RCCs CATÓLICOS?
ResponderExcluirOs eventuais RCCs dissensos aos rígidos ensinamentos da Igreja atinentes ao movimento e se atuantes na CN e outros locais eles se contradiriam aos comentarios instrutivos do S Padre Papa Bento XVI ao "Domenica Coena" do Beato João Paulo II nas liturgias Eucarísticas e, como os proprios líderes o admitem por ser histórico, o carismatismo possui origem protestante, como se necessitasse nova efusão do Espírito Santo, O Qual dentro de si via carismáticos dispensaria ensinamentos outros quaisquer, até do confessor, do sr Bispo, Papa - como já vi; assim agindo, isso os levaria obrigatoriamente a serem neos componentes da DITADURA DO RELATIVISMO, ou então, há muitas denuncias, que "os grupos emotivistas "auês" RCCs seriam a porta de saída da Igreja e ingresso em seitas pentecostalistas protestantes" devido igualarem-se, possuindo sentido.
O carismatismo das seitas pentecostalistas - ou de quem o adote - ilude os seguidores à esperança de estarem recebendo graças especiais, êmulos internos de o Espírito Santo dentro de si a revelar e instruir sobre tudo, sendo em geral manifestações naturais do sentimento religioso. Além disso, o demônio pode servir-se desses estados de superexaltação para produzir certos fenômenos extraordinários com aparência de carismas, para enganar e perder a muitos.
Haveriam também, além dos emotivistas, nos movimentos RCCs: espíritas que se dizem católicos e pessoas algo desequilibradas.
Dever-se-ia melhor objetivar a fé, ao invés de ficar à cata de dons especiais carismáticos individuais que sugeririam egoísmo, orgulho e (ou) o típico luteranismo subjetivista: fé prazeirosa, êxtases, experiências místico-divinas, etc. Sobre o "falar em línguas", diz S Paulo: 1 Cor 14,19: Mas numa assembléia, prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência, para instruir também os outros, a dizer dez mil palavras em línguas. E em 1 Cor 14,22:...as línguas são um sinal não para os que crêem, mas para os que não crêem. São dons individuais, de difícil detecção se provém de si ou do animador com o grupo reunido, aportando mais individualismo que partilha de dons; idem, exorta-nos em aperfeiçoar-se na caridade que é perene. Veja 1 Cor 12,31 e 13+.
Restrições maiores ao "repouso no Espírito" em reuniões, por necessitar de "aprofundamento, estudo e discernimento"; quanto a exorcismos, atente-se ao cânon 1172, reservado ao Ordinário local ou seu preposto para discernir com perícia e objetividade o caso, jamais exercido por afoitos dirigentes RCCs. Rejeitem-se veementemente imposição de mãos em (ou) gestos de pedidos de curas simulando algo mágico ou ações similares comunicando dons, fluidos espirituais etc.; evitem-se termos como "batismo, ministério" e similares para não suporem ambiguidades com os sacramentos.
O comentar constante de receberem supostas "mensagens e revelações" do Espírito Santo é muito comum dos evangélicos pentecostalistas, referindo-se serem portadores.
Tal exaltado movimento teria surgido por notarem a Igreja "esfriar-se"(?) ou mesmo para os protestantes a infiltrarem e a relativizar, o mais provável.
Diz o magnífico S João da Cruz: ... quando a alma procura essas comunicações carismáticas, abre as portas ao demonio.
Origem protestante: Mt 7, 17-18: Pode uma árvore ruim dar bons frutos...
O proprio Cristo prometeu e mantém sempre assistencia a ela - Ela O Ele mesmo - até ao fim; tais manifestações existiram apenas nos primordios de aceitação e fixação do cristianismo, excluídas e suspeitas novas supostas "efusões quaisquer".