13 de outubro de 2011

As primeiras tentativas da Maçonaria no Brasil


I.
Dados Gerais sobre a Maçonaria no Brasil.

Neste primeiro capítulo daremos uma introdução geral à Maçonaria tal como ela se apresenta no Brasil. Iniciaremos, 1) com um breve estudo sobre sua história; 2) daremos em seguida informações sobre sua atual situação; 3) passaremos então a indicar as leis e determinações superiores que orientam esta nossa Maçonaria; 4) daremos também as linhas gerais de sua atual organização; 5) informaremos ainda sobre os vários Ritos em que costumam trabalhar suas oficinas; 6) e ressaltaremos, por fim, seu caráter internacional e 7) secreto.

1) Escorço Histórico da Maçonaria no Brasil.
a) As primeiras tentativas.

O desenvolvimento da Maçonaria no Reino Lusitano data do governo do poderoso Sebastião José de Carvalho, Conde de Oeiras e Marquês de Pombal. Possuímos apenas notícias vagas acerca da existência de maçons avulsos e esparsos em Olinda, Salvador, Rio de Janeiro, Campos e Niterói em fins do século XVIII e logo no início do século passado. Mas não havia organização federativa entre estas lojas: algumas se instalaram subordinadas ao Grande Oriente de Portugal; outras ao Grande Oriente da França; e outras, ainda, independentes. Na opinião de alguns historiadores, principalmente maçons, já a Inconfidência Mineira teria tido inspiração maçônica, como a tiveram, depois, a Inconfidência Carioca de Silva Alvarenga e a Inconfidência Baiana ou a Conspiração dos Alfaiates. Logo no início do século passado encontramos na Capitania pernambucana numerosas sociedades secretas: o Areópago de Arruda Câmara, a Academia dos Suassunas, a Academia do Paraíso, a Universidade Secreta de Antônio Carlos, a Escola Secreta de Guimarães Peixoto, a Oficina de Igaraçu. . .
Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, (Lisboa, 13 de Maio de 1699 — Pombal, 8 de Maio de 1782[1]) foi um nobre e estadista português. Foi secretário de Estado do Reino durante o reinado de D. José I (1750-1777), sendo considerado, ainda hoje, uma das figuras mais controversas e carismáticas da História Portuguesa.

Mas a primeira notícia acerca da Maçonaria própriamente dita, no Brasil, nos é fornecida pelo manifesto que José Bonifácio dirigiu em 1832 aos maçons de todo o mundo, comunicando que em 1801 fora instalada a primeira loja simbólica regular, debaixo do título de "Reunião" e filiada ao Grande Oriente da França, tendo adotado o Rito Moderno ou Francês. No ano seguinte, em 1802, encontramos na Baía a loja "Virtude e Razão", funcionando também no mesmo Rito Francês. Escreve por isso, e com razão, o maçon gr.-. 33, Adelino de Figueiredo Lima: "A Maçonaria j Brasileira é filha espiritual da Maçonaria Francesa. Da França veio o Rito Moderno com que o Grande Oriente atingiu a maioridade".1

Quando o Grande Oriente de Portugal soube da existência, no Brasil, de uma loja regular e obediente ao Oriente francês, enviou, em 1804, um seu delegado a fim de garantir a adesão e a fidelidade dos maçons brasileiros. Mas não foi feliz o delegado lusitano no modo como impôs suas pretensões. Assim resolveu deixar fundadas duas novas lojas, submissas ao Oriente do Reino: eram as lojas "Constância" e "Filantropia". Encontramos assim, desde o início, a semente da discórdia no seio da Maçonaria no Brasil.: Outros desentendimentos sobrevieram, de maneira que em 1806 estas duas lojas deixaram de funcionar ou, como se diz na terminologia maçônica, elas "adormeceram", ou "abateram colunas".

Mais felizes foram as iniciativas na Baía. A já mencionada loja "Virtude e Razão", fundada em 1802, constituiu outra em 1807, com o nome de "Humanidade" e mais uma em 1813, a "União". Completo assim o quadro mínimo de três lojas, foi criado, no mesmo ano de 1813, o primeiro Grande Oriente. Mas devido à desastrosa revolução de 1817 este Oriente e suas lojas "adormeceram" também. 

Em 1809 fundou-se outra loja em Pernambuco, que, por sua vez, serviria de núcleo para outras três, sendo também estabelecida uma Grande Loja Provincial. Mas como tinham fins pronunciadamente políticos, tiveram que suspender, também em 1817, suas atividades. 

No Rio, entretanto, fez-se nova tentativa com a fundação das lojas "Distintiva" e "São João de Bragança".

A primeira no ano de 1812 em São Gonçalo da Praia Grande ou Niterói e a segunda no próprio paço real da corte de D. João VI, mas sem conhecimento do monarca. Também estas duas lojas tiveram mui efêmera existência.

Com a fundação da loja "Comércio e Artes", em 1815, no Rio, à qual se filiaram numerosos maçons da antiga loja "Reunião", iniciou-se uma era mais sólida para a Maçonaria no Brasil. Mas esta loja, que existe ainda hoje, (nos quadros do Grande Oriente Unido do Brasil), conseguiu firmar-se definitivamente apenas em 1821, depois de passar pela prova de fogo de 1818, da qual passaremos a falar.

Pois D. João VI, dando-se conta da periculosidade da Maçonaria, lançou o alvará de 30 de Março de 1818, com o seguinte preâmbulo:


"Eu El Rei faço saber aos que este alvará com força de lei virem, que tendo-se verificado pelos acontecimentos que são bem notórios, o excesso de abuso a que tem chegado as Sociedades secretas, que, com diversos nomes de ordens ou associações, se tem convertido em conventiculos e conspirações contra o Estado; não sendo bastantes os meios correcionaes com que se tem até agora procedido segundo as leis do Reino, que prohibem qualquer sociedade, congregação ou associação de pessoas com alguns estatutos, sem que elas sejão primeiramente por mim autorisadas, e os seus estatutos approvados: e exigindo por isso, a tranqüilidade dos povos, e a segurança que lhes devo procurar e manter, que se evite a occasião e a causa de se precipitarem muitos vassallos, que antes podião ser úteis a si e ao Estado, se forem separados delles, e castigados os perversos como as suas culpas merecem; e tendo sobre esta matéria ouvido o parecer de muitas pessoas doutas e zelosas do bem do Estado, e da felicidade dos seus concidadãos, e de outras do meu Conselho e constituídas em grandes empregos, tanto civis, como militares, com as quais me conformei: sou servido declarar por criminosas, e prohibidas todas e quaesquer sociedades secretas de qualquer denominação que ellas sejão, ou com os nomes e forma já conhecidos, ou debaixo de qualquer nome ou forma que de novo se disponha e imagine; pois que todas e quaesquer deverão ser consideradas d'agora em diante, como feitas para conselho e confederação contra o Rei e contra o Estado".


Adelino de F i g u e i r e d o Lima, Nos Bastidores do Mistério..., Rio 1954, p. 125.
A Maçonaria usa um vocabulário próprio. No Apêndice deste ensaio o leitor poderá encontrar os principais termos em voga entre os Filhos da Viúva.


Fonte: Retirado do livro "A Maçonaria no Brasil - Orientações Para os Católicos - Pelo Dr. Boaventura Kloppenburg. Páginas 6-8.

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