Excertos do livro "Vocação Sacerdotal" do padre José Maria da Congregação do Verbo Divino. Escrito para meninos da idade de 12 anos.
"Com efeito. É muito comum a confusão que se faz entre a graça da vocação sacerdotal e os sinais que mostram haver vocação, confusão que acarreta não poucas vezes, infelizmente, a perda da vocação.
Era e é ainda mui frequente a convicção de que Deus tem de mostrar por sinais extraordinários a existência da vocação, por uma inclinação especial, por impulsos internos do Espírito Santo, por prazer em coisas santas, na liturgia, nas procissões, etc. Pensa-se que só tem vocação verdadeira o menino que gosta de brincar de padre, tem seu altarzinho, anda pelos cantos da casa rezando e meditando, gosta de ajudar na missa, etc.
Indício, digo, portanto, uma manifestação da alma infantil que merece ser observada e estudada para ver si atrás dele não haverá porventura sinais claros da vocação.
"Para que alguém possa ser admitido às ordens pelo bispo não se requer senão reta intenção e aquela aptidão da natureza e da graça que se prova pela integridade da vida e pela suficiência de conhecimentos, e que dá fundadas esperanças de poder (o candidato) desempenhar dignamente o munus sacerdotal e observar santamente as respectivas obrigações." (Papa São Pio X)
1º - Reta intenção:
Consiste no desejo de ser padre para glorificar a Deus e para fazer bem às almas. Naturalmente não se pode exigir essa mentalidade completamente desenvolvida numa criança de poucos anos.
Porém, pode e deve esperar, entretanto, que o candidato ao sacerdócio esteja isento de intenções humanas, naturais, interesseiras, temporais. Seria intenção humana aspirar ao sacerdócio só por causa das honras de que o padre se torna alvo, ou para um dia vir a ser Monsenhor (bispo), etc. Seria intenção natural querer ser padre para glorificar a família; é verdade o sacerdócio é grande distinção para a família da qual sai um padre; mas seria falso desejar ser padre só para honrar a própria família. Intenção interesseira ou material teria quem se enveredasse ao sacerdócio para enriquecer, levar vida folgada, comer bem, viver bem, dormir bem.
A escolha de qualquer vocação, mais ainda da vocação sacerdotal é tão importante que se deve fazer-se entre Deus e a alma exclusivamente. A alma, uma; Deus a outra parte interessada.
2º - Integridade de vida:
O padre, conforme os desejos do Sagrado Coração de Jesus, deve ser um anjo em forma humana, deve viver diante de seus paroquianos uma vida santa.
Lembro-me ainda do meu tempo de criança. Nosso vigário era um padre exemplar. E foi o exemplo de sua vida que fez nascer em mim o desejo do sacerdócio. O cérebro infantil também sabe pensar. Pensa de seu modo, mas pensa. Para minha inteligência pequenina o padre vigário era um ente do céu, um ser que não faz pecado. E então eu senti um grande desejo de ser assim como ele.
O menino que quer ser padre tem de mostrar desde pequeno essa inclinação para coisas santas. A integridade de vida consiste:
- na inclinação à piedade: não precisa ser uma piedade exagerada. Basta, e até é melhor, que seja sólida. Creio que a norma mais segura é a piedade que o menino aprendeu no colo da mãe.
- no amor à pureza de coração. O padre tem que viver em pureza perfeita, porque está ligado a isso por uma promessa solene chamada voto de castidade.
Pelo voto de castidade ele promete a Deus nunca cometer um pecado contra o sexto mandamento.
Para ser capaz de fazer e cumprir tal promessa é necessário conservar limpo o coração desde pequeno.
Um rapazinho puro dá esperança de ter vocação e de ficar firme.
Um menino que anda em más companhias na rua, que aprende toda sorte de coisas imorais, que se entrega a pecados feios, que chega até a ensinar outros a pecar, se tal menino alimentou algum dia o desejo do sacerdócio é melhor largar. Não será feliz como padre. Exporá a própria alma à perdição eterna, levará, talvez, outras almas à desgraça.
- respeito, obediência aos pais e superiores. O padre está colocado sob as ordens dos seus superiores, inclusive ao Santo Papa. A obediência não se aprende adulto, isso de ser aprendido em pequeno.
- caráter maleável e caridoso. Meninos que são egoístas, que não gostam do convívio com os colegas que vivem ensimesmados, alheios aos outros, indiferentes, não são bons elementos para o seminário.
3º - Suficiência de talento:
O estudo no seminário é um tanto pesado, daí a necessidade de algum talento para dar contas deles. Para os que tem muita dificuldade em estudar, não poderá ter este sinal decisivo da vocação: deve largar e procurar outra carreira.
4º - Saúde:
A vida do sacerdote impõe muitos incômodos e sacrifícios e exige um corpo resistente e bem desenvolvido. Um organismo habitualmente enfermo não dá tal garantia. Um menino que quase sempre está adoentado aconselho que largue esta ideia e procure outra carreira."
Salve Maria,
ResponderExcluirComo é lindo a vocação sacerdotal, pena que por causa desse mundo e da propria Igreja (seminarios malditos) se perdem vocações maravilhosas.
Que Deus em sua infinita misericordia mande trabalhadores para mece.
Benicio