SÊ FIRME!
(1 Cor 15, 58)
"Assim, irmãos bem-amados, sede firmes, inabaláveis, fazei incessantes progressos na obra do Senhor, ciente de que a vossa fadiga não é vã no Senhor".
O Pe. De Tena, velho e doente, que só podia andar com o auxílio de uma bengala por causa do reumatismo, foi levado pelos vermelhos a Madri, em 1936. Estando diante do tribunal, quiseram fazê-lo apostatar. Dizem-lhe:
- Jure que Deus não existe:
- Existe, sim; e as provas são estas. - E começou a aduzir da existência de Deus.
Com modos ainda piores urgem com ele para que apostate.
- Como hei de negar a Deus, que neste momento nos está vendo?
Um deles, o chefe, levanta-se bruscamente, encosta-lhe o revólver ao peito e grita:
- Negue que Deus existe, ou eu o mato.
O padre, com dificuldade, pôs-se em pé, e meio apoiado à mesa, disse com voz firme: "Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra!"
O verdugo, desarmado diante de tanta coragem, larga o revólver na mesa, na qual dá um murro, dizendo:
- Não posso matar este homem.
Católico, quanto bem seria feito às almas, se cada católico possuísse tamanha firmeza diante dos perseguidores! Com certeza, em pouco tempo conquistaríamos todas as pessoas para Nosso Senhor.
A fraqueza e falta de convicção de milhões de católicos encorajam os inimigos e deixa-os mais atrevidos: "Recuar diante do inimigo ou calar-se, quando de toda parte se ergue tanto alarido contra a verdade, é próprio de homem covarde ou de quem vacila no fundamento de sua crença. Qualquer destas coisas é vergonhosa em si; é injuriosa a Deus; é incompatível com a salvação tanto dos indivíduos, como da sociedade e só é vantajosa aos inimigos da fé, porque nada tanto afoita a audácia dos maus, como a pusilanimidade dos bons" (Leão XIII, "Sapientiae christianae", 18).
"Assim, irmãos bem-amados, sede firmes..."
Nessas palavras, São Paulo Apóstolo: "Exorta os cristãos a lutarem cheios de esperança, com a certeza de que o trabalho nas ocupações ordinárias do dia é oferenda agradável aos olhos de Deus, meio de santidade e caminho para alcançar com Cristo a vitória definitiva" (Edições Theologica).
Católico, sê firme! Para ser católico autêntico não basta marcar metas ou fazer propósitos, mas é preciso lutar e permanecer de pé diante dos ataques dos inimigos que trabalham furiosamente para nos intimidar; somente assim é possível progredir na obra do Senhor: "Quanto a mim, também quero que continue firme o que ensinais e prescreveis. Pedi apenas para mim as forças interiores e exteriores, a fim de que não só fale, mas o queira; não só seja chamado de cristão, mas reconhecido como tal" (Santo Inácio de Antioquia, Da Epístola aos romanos), e: "É na luta que provamos a Deus nosso amor, bem como na aceitação das dores que nos manda... Oh! Como é sábio e verdadeiro cristão aquele que sabe suportar os inconvenientes da sua posição, com calma e resignação! Este é o caminho da santidade e da felicidade bem como nosso título de glória nos céus, porque aqui na terra todos os homens, desde o soberano até o pastor, da glória do mando até a abnegação da dependência, que é tão gloriosa diante de Deus, todos os homens sofrem de mil modos diferentes - tanto os ricos como os pobres, os sábios e os ignorantes, os que gozam de boa saúde e os doentes; numa palavra, todos" (São João Maria Vianney).
Católico, sê firme! Não se intimide diante das ameaças dos perseguidores, mas persevere no caminho da santidade; porque é muito fácil caminhar quando não encontramos obstáculos à nossa frente.
O governador de uma cidade do Japão, não longe de Omura, fizera comparecer em sua presença a um grande número de cristãos, e ameaçava-os com os mais espantosos suplícios se persistissem em desobedecer aos editos do imperador. O mais novo do grupo tomou a palavra e deu a entender ao governador que eles, os cristãos, desprezavam todas as ameaças. O juiz, indignado com a coragem daquele jovem, mandou vir um braseiro aceso, e, dirigindo-se a ele, disse:
- Vou confundir a tua presunção. Serás capaz de conservar a extremidade de um dedo metida neste braseiro durante um pequeno espaço de tempo? E se não fores, como poderás deixar-te queimar vivo a fogo lento?
O jovem, sem dizer palavra, adiantou-se imediatamente e introduziu um dedo no braseiro, deixando-o queimar com a mesma naturalidade como se tivesse mergulhado em água morna. O governador, fora de si pelo assombro, não conseguiu proferir nem uma palavra. Levantou-se e, abraçando o generoso cristão, deixou-os todos em liberdade para continuarem professando a religião que quisessem.
Católico, como faz bem para a nossa vida conviver com pessoas de caráter, que não se vendem e que são fiéis a Nosso Senhor; e como é desastrosa a convivência com pessoas fracas, sem caráter e que se dobram diante de qualquer vendaval: "Quem não tem caráter não é um homem, é uma coisa; Dante diria que é uma ovelha doida, porque se move não segundo a razão, mas segundo o instinto: o instinto do medo, o instinto do prazer" (Pe. João Colombo).
Para progredirmos na vida espiritual, é preciso lutar corajosamente contra o mundo, o demônio e a carne. O católico que entra no campo de batalha com o corpo mole e desanimado será derrotado.
Lembremo-nos continuamente de que não há vitória sem luta, e luta constante: "O cristão nasceu para a luta, e quanto mais encarniçada se apresenta, tanto mais segura há de ser a vitória com o auxílio de Deus" (Leão XIII, Encíclica "Sapientiae christianae", 19).
Católico, sê firme! Fale de Deus sem medo em qualquer ambiente e não se intimide diante das pessoas; agindo assim, sempre unido a Nosso Senhor em meio às dificuldades, você se tornará cada vez mais forte: "As árvores que crescem em lugares sombreados e livres de ventos, enquanto externamente se desenvolvem com aspecto próspero, tornam-se fracas e moles, e facilmente qualquer coisa as fere; mas as árvores que vivem no cume dos montes mais altos, agitadas pelos muitos ventos e constantemente expostas à intempérie e a todas as inclemências, atingidas por fortíssimas tempestades e cobertas por frequentes neves, tornam-se mais robustas que o ferro" (São João Crisóstomo, Homilia sobre a glória da tribulação).
"Assim, irmãos bem-amados, sede firmes, inabaláveis..."
Católico, sê inabalável! Como é edificante conviver com o católico inabalável, firme e corajoso; aquele que sabe realmente o que quer, que percorre com constância o caminho da santidade sem se intimidar com os uivos dos lobos.
Para ser inabalável, é preciso contar com a força do alto. Para suportar as perseguições, calúnias e críticas, é preciso estar sempre unido ao Senhor que nos fortalece. Se caminharmos unidos ao Senhor, nenhum mal nos atingirá: "Cristo comigo, a quem temerei? Mesmo que as ondas se agitem contra mim, mesmo os mares, mesmo o furor dos príncipes: tudo isto me é mais desprezível que uma aranha" (Das Homilias de São João Crisóstomo).
Católico, sê inabalável! Vale mais um cômodo de concreto e com profundos alicerces, do que um edifício de cem andares construído todo em barro. Esse ficará de pé até que chegue a primeira chuva, enquanto que o cômodo de concreto subsistirá por mais de cem anos.
O que se pode esperar de milhões de católicos fracos e covardes? Nada! Os mesmos não são capazes nem de iniciar uma luta pelo bem.
Vale mais um católico santo do que milhares de católicos medíocres.
"... fazei incessantes progressos na obra do Senhor..."
Católico, fomos criados para conhecer, amar e servir ao Senhor Deus. Não percamos tempo nem nos poupemos, mas nos consumamos fazendo incessantes progressos em Sua obra.
Não devemos trabalhar para Nosso Senhor somente por um determinado tempo, mas continuamente; somente assim progrediremos incessantemente.
Infeliz do católico que vive adormecido na sua "poltronice", esse, com certeza, regredirá em sua vida espiritual até cair no abismo eterno: "No caminho da perfeição, não ir adiante é recuar; e não ir ganhando é ir perdendo" (São João da Cruz, Subida do Monte Carmelo, Livro I, capítulo XI, 5).
Católico, "... fazei incessantes progressos na obra do Senhor..." Está claro que o progresso deve ser feito na "obra do Senhor", não no mundo inimigo d'Ele e das almas imortais.
Milhares de católicos fazem progresso no caminho da perdição, servindo o mundo, Satanás e a carne. Esses vivem completamente o oposto daquilo que Deus ordena: "... percorremos desertos intransitáveis, mas não conhecemos o caminho do Senhor!" (Sb 5, 7).
O católico nunca deve dizer basta para Deus; pelo contrário, deve caminhar todos os dias, rumo à Pátria Eterna, sem olhar para os lados: "Sem constância, impossível é chegar à santidade ou à salvação: não basta ser virtuosos, generosos alguns dias ou alguns anos; necessário é sê-lo sempre, até o fim" (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 301, 1).
A Palavra de Deus diz: "... incessantes progressos..." Aqui cai por terra todos os argumentos daqueles católicos acomodados, preguiçosos e relaxados. É impossível alguém fazer progresso na vida espiritual permanecendo de braços cruzados.
Católico, não brinque com o Senhor! Ele é misericordioso, mas também é justo. Aproveite o tempo para progredir na santidade e não pare de caminhar]; nunca recue ou diga basta para Cristo Jesus: "Retirar-se do bem começado, do caminho da fé e do seguimento de Cristo quer dizer pôr em perigo a própria salvação... Quem retrocede condena-se voluntariamente e jamais atingirá a meta: é um fraco, um vil, um desertor; enquanto deve o cristão ser forte, intrépido, perseverante" (Idem).
"... ciente de que a vossa fadiga não é vã no Senhor".
Católico, não se poupe nem tenha medo de se consumir no trabalho para o Senhor; Ele não o recompensará com um salário que acaba amanhã, e sim, lhe dará a vida eterna: "Aqueles que O seguem com generosidade obtém, já aqui na terra, um gozo e uma paz que superam em muito as alegrias e consolações humanas. A este gozo e paz, que são também uma antecipação da felicidade do Céu; há que acrescentar ainda a bem-aventurança eterna" (Edições Theologica).
Milhares de católicos consomem a vida em drogas, sexo, noitadas, etc. E você? Seja sábio! Trabalhe com firmeza para a glória de Deus, não tenha receio de se entregar ao Senhor, com certeza Ele lhe recompensará: "Quanto a vós, sede firmes, e que vossas mãos não se enfraqueçam, pois vossas ações terão sua recompensa" (2 Cr 15, 7), e: "... existe uma recompensa para a tua dor" (Jr 31, 16).
A natureza é mestra do homem. Há dois insetos muito laboriosos: a aranha e a abelha. A aranha trabalha de manhã e de noite, estende sua teia sutil e anda sem descanso de um fio a outro. Alarga, une, cruza os fios e forma polígonos concêntricos. A abelha, ao contrário, vai de flor em flor, liba o néctar, transformando-o, ao chegar à colméia, em dulcíssimo mel.
Passa o dono da casa e com a vassoura destrói furioso o trabalho da aranha; diante do favo de mel, fabricado pela abelha, porém, pára e sorri contente.
Assim é no mundo: todos trabalhamos, uns segundo a palavra de Deus e outros segundo a palavra do demônio. Mas quando Nosso Senhor passar, destruirá a obra destes e recompensará a daqueles.
Fonte: Filhos da Paixão
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